Fórum Itinerante de Cinema Negro é espaço de reflexão e formação com atuação internacional

Janaína Oliveira pesquisadora e coordenadora e fundadora do FICINE


por Catarina de Angola*

Um espaço de formação e reflexão sobre a produção mundial de fotografia e audiovisual que negros e negras como realizadores e realizadoras. Esse é o Fórum Itinerante de Cinema Negro (FICINE), composto por historiadores, antropólogos e cineastas de Cabo Verde e do Brasil. No Recife, o FICINE é um dos parceiros da “Baobácine – Mostra de Filmes Africanos do Recife”, que estará em cartaz no Recife (PE) durante quatro dias (23 a 26/05), no Cinema São Luiz, com realização do Fazendo Milagres Cineclube.


O FICINE nasceu em 2013, tendo as culturas e as experiências negras como temáticas principais de sua atuação, com destaque para a curadoria e processos de formação. O fórum realiza ações de forma itinerante, e assim já promoveu ações diretamente em vários estados do Brasil, e em outros países como Cuba, Portugal, Estados Unidos (EUA) e no continente africano em: Moçambique, Cabo Verde e Burkina Faso. “Precisamos também de uma produção intelectual sobre o cinema negro. Por isso, estimulamos uma incursão acadêmica. Porque é também onde se legitimam as reflexões sobre o cinema, na reafirmação da crítica”, afirma Janaína Oliveira, coordenadora e fundadora do FICINE, também pesquisadora sobre Cinema Negro, no Brasil e na diáspora, e sobre as cinematografias africanas.


O FICINE constrói uma rede internacional de discussões, projetos e trocas que reforçam e refletem sobre os Cinemas Negros na diáspora e no continente africano. “A articulação se dá através de um trabalho de formação, de contatos, convites para participar de festivais e mostras ou de instituições. Em Moçambique fizemos parceria com Instituto Superior de Artes e Cultura (ISArC), por exemplo”, explica Janaína. Entre as parcerias já firmadas pelo fórum no Brasil, destaca-se a articulação com a


Cinemateca do Institut Français Maison de France, no Rio de Janeiro. A articulação se dá desde 2016 onde o FICINE realiza sessões regulares com debates, nomeado de “Cine Ficine no Maison”. E no segundo semestre deste ano, o congresso da Sociedade Brasileira de Estudos do Audiovisual (Socine) terá pela primeira vez um simpósio temático sobre cinema africano e diaspórico, da qual Janaína Oliveira é uma das coordenadoras. O congresso da Socine é o maior espaço acadêmico de discussão sobre cinema no país.


Em Pernambuco, no ano de 2017, o FICINE foi um dos parceiros no projeto “Cines Africanos Fazendo Milagres – A África que eu imagino”, que circulou pelas três regiões do estado e se propunha a ser um espaço formativo que aliava educação e audiovisual, de valorização do cinema africano, em conjunto com o Fazendo Milagres Cineclube. Janaína Oliveira, que é professora doutora no Instituto Federal do Rio de Janeiro, coordena o Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígena (NEABI) no instituto.


Atualmente é curadora do Encontro de Cinema Negro Zózimo Bulbul e professora visitante no departamento de Estudos Africanos da Howard University, em Washington, D.C, EUA. E neste mês de maio estará no Recife ministrando o minicurso “Para além de Nollywood: experiências contemporâneas do cinema autoral africano”, que compõem a programação da Baobácine.


Baobácine - Os ingressos para os filmes da Baobácine - Mostra de Filmes Africanos do Recife serão vendidos a preços populares e o minicurso está com as inscrições abertas até dia 18 de maio. É possível se inscrever aqui.

*Integrante do Terral Coletivo de Comunicação Popular

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