“A BAOBÁCINE TAMBÉM É UMA MOSTRA PARA FORMAÇÃO DE PÚBLICO”, AFIRMA REALIZADORA


por Monyse Ravenna*
Natália Lopes é coordenadora técnica da Baobácine | Foto: Caue Rocha


Natália Lopes é comunicadora, integrante do Cineclube Fazendo Milagres, coletivo de mulheres que realiza a Baobácine – Mostra de Filmes Africanos do Recife, que acontece entre os dias 23 e 26 de maio. Natália nos conta a diferença entre o cinema negro e o cinema africano e das expectativas para continuidade da Mostra que tem movimentado a cena cultural na capital pernambucana.


Monyse  Ravenna - Qual a diferença entre cinema negro e cinema africano?

Natália Lopes - O movimento do cinema negro no Brasil data da década de 1970 e a figura principal foi o Zózimo Bulbul, falecido em 2013. A gente identifica como cinema negro, o cinema de militância antirracista realizadores e realizadoras negras. A diferença marcante é essa, o cinema africano que a gente está exibindo nesse festival é em uma perspectiva autoral e de realizadores e realizadoras negros de África. E o cinema negro acontece em alguns países. Nos Estados Unidos, por exemplo, existem movimentos de cinema negro desde o início do século.

Monyse - Todos os filmes exibidos na Mostra são de realizadoras e realizadores negros?

Natália - Sim. Negros e negras de África, que tem uma perspectiva de cinema mais independente e autoral. Independente no sentido que ele se realiza em parceiras, em coproduções entre países.

Monyse - Como vocês tem percebido a receptividade e a presença do público no festival?

Natália - Avaliamos como um sucesso. Por exemplo, no minicurso tivemos mais de 200 inscrições, eram 25 vagas inicialmente e subimos para 50. A sala de exibição tem ficado cheia, os comentários após as exibições foram bem elogiosos e nós estamos bem felizes.

Monyse - Vocês têm planos de tornar essa uma mostra permanente?

Natália - Temos sim. Em conversa com Janaína Oliveira, que foi a curadora, já havíamos pensado em fazer um panorama histórico nessa primeira edição, mas temos essa perspectiva de continuidade, de ser uma Mostra para formação de público.

Monyse - Você pode nos falar sobre o movimento atual que vocês do Fazendo Milagres tem participado com realizadoras e realizadores negros em Pernambuco?

Natália - Tenho participado de rodas de diálogos e também de grupos onde os realizadores negros e negras tem se encontrado. Estamos nos reunindo e conversando para pensar ações e para nos conhecer. A maioria de nós não se conhecia antes de participar desses grupos.

*Monyse Ravenna é comunicadora do Terral Coletivo de Comunicação Popular

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